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A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública da sociedade moderna, acometendo quase um terço da população mundial. É considerada uma doença crônica e se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.

A organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a gravidade dos casos de obesidade conforme o índice de massa corporal (IMC) e o risco de mortalidade apresentada. Esse índice é calculado dividindo-se o peso da pessoa em kilogramas (kg) pela sua altura em metros elevada ao quadrado (quadrado da sua altura). O valor obtido estabelece o diagnóstico da obesidade e caracteriza os riscos associados, como descrito na tabela abaixo:

IMC (kg/m2)

Grau de Risco

Tipo de obesidade

18 a 24,9

Peso saudável

Ausente

25 a 29,9

Moderado

Sobrepeso (Pré-Obesidade)

30 a 34,9

Alto

Obesidade Grau I

35 a 39,9

Muito Alto

Obesidade Grau II

40 ou mais

Extremo

Obesidade Grau III (“Mórbida”)

 

O aumento do IMC trata-se de um fenômeno multifatorial, pois envolve componentes genéticos, metabólicos, comportamentais e psicológicos.

O fator social também é crucial, pois a sociedade atual estimula hábitos que colaboram para o crescimento da obesidade. O rítimo de vida da população que se caracteriza por situações estressantes, falta de tempo para uma alimentação saudável e escassez de atividades físicas favorece o aumento de peso. Nossa cultura tem por hábito a ingestão excessiva de alimentos como balas, bolachas, salgadinhos e chocolates entre as refeições, o que agrava ainda mais a questão.

A indústria alimentícia que surge para suprir a necessidade social de acesso fácil a pratos rápidos e calóricos acaba colaborando para a proliferação de pessoas com excesso de peso. Além disso, excesso de horas de trabalho diminui o tempo para atividades esportivas e de lazer. Desta forma, o sedentarismo, o estresse, e a alimentação incorreta são alguns fatores responsáveis pelo crescimento da obesidade em nosso país.

Os altos índices de crescimento da obesidade se contrapõem aos padrões estéticos impostos como modelos. Na nossa cultura a magreza é vista como padrão de beleza, gerando dificuldades sociais para pessoas obesas, que acabam sofrendo discriminação e exclusão social.

Apesar da questão estética acarretar problemas na adaptação social, a obesidade está muito além dessa esfera. Pessoas obesas estão mais predispostas a serem acometidas por outras doenças e distúrbios, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças cérebro vasculares, diabetes, câncer, osteoartrite, entre outras.

São também sintomas comuns aos obesos o cansaço, a sudorese excessiva, (principalmente nos pés, mãos e axilas) e as dores nas pernas e na coluna. Além disso, possivelmente pela supervalorização cultural da estética e conseqüente rejeição social sofrida pelo obeso, com freqüência essas pessoas entram em estado de depressão.

Frente a essas colocações, pacientes com obesidade, sobretudo aqueles com a de grau II, devem ser encarados como portadores de uma doença séria, que ameaça a vida, reduz sua qualidade e diminui a auto-estima.

O tratamento dessa condição médica envolve uma reeducação nutricional, o uso de medicamentos antiobesidade e a prática de exercícios físicos. Entretanto, muitos pacientes com índices de massa corpórea acima de 40 Kg/m2 não respondem a essas práticas terapêuticas e recuperam o peso perdido. Deparando-se com essas dificuldades, a cirurgia bariátrica é considerada uma alternativa para auxiliar nesses casos.

A cirurgia bariátrica é o único método cientificamente comprovado que promove uma acentuada e duradoura perda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, ou pelo menos minimizando, uma série de doenças associadas à obesidade grave.

É indicada para pacientes com IMC acima de 40 Kg/m2 ou com IMC maior que 35 Kg/m2 associada a outras doenças como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, apnéia do sono, etc. Sendo contra-indicada a pessoas com pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão no miocárdio e cirrose hepática.

As cirurgias bariátricas podem promover a perda de peso por duas maneiras: pela redução da capacidade de armazenamento do estômago e de sua velocidade de esvaziamento (cirurgias restritas), ou pela exclusão de grandes segmentos do intestino delgado evitando que os nutrientes sejam absorvidos (cirurgias disabsortivas).

Dentre as cirurgias bariátricas, as mais comuns são:

Gastropastia vertical com bandagem: cirurgia restritiva que consiste no fechamento de uma porção do estômago através de uma sutura, formando um compartimento fechado. É colocado um anel de contenção que favorece um esvaziamento mais lento desse “pequeno estômago”. Esse tipo de intervenção cirúrgica promove uma redução média de 30% do peso total nos primeiros anos, entretanto, observa-se que após aproximadamente dez anos a perda de peso tende a cair para menos de 20%. Isto decorre principalmente de fatores comportamentais apresentados pelos pacientes, que abandonaram a dieta e passam a ingerir líquidos hipercalóricos como milk shake e leite condensado.

Cirurgia de Capella: Reduz o volume do estômago e sua velocidade de esvaziamento pela colocação de um anel de contenção e por sua conexão com uma alça intestinal. O estômago é dividido e emendado diretamente com o intestino delgado o que favorece a absorção de boa parte do alimento pelo intestino antes de passar pelo processo digestivo. Um dos efeitos colaterais mais comum é chamada síndrome de dumping que se caracteriza por acentuado mal estar (náuseas, vômitos, rubor, dor epigástrica e sintomas de hipoglicemia) ao ingerir doces. Entretanto, salienta-se que a própria reação para evitar esses sintomas favorece a perda de peso que neste tipo de cirurgia é de aproximadamente 35% do peso corpóreo a longo prazo.

Apesar das opções expostas acima, não existe a cirurgia absolutamente perfeita que se encaixe em todos os casos; cada técnica possui vantagens e desvantagens que devem ser analisadas em cada paciente de acordo com suas expectativas e prioridades, observando-se suas características pessoais como idade, sexo, raça, grau de obesidade, hábitos alimentares, nível sócio-cultural e perfil psicológico-comportamental.

Em todos os casos a avaliação psiquiátrica e/ou psicológica no período pré-operatório é crucial para averiguar a presença de transtornos mentais atuais e pré-existentes e no período pós-operatório para acompanhamento da evolução clínica, visto que a adaptação aos novos hábitos alimentares requer um preparo emocional específico.

Esse acompanhamento terna-se ainda mais relevante quando observa-se um aumento de psicopatologias, sobretudo transtornos de humor (como depressão), transtornos alimentares (anorexia nervosa e compulsão alimentar) e dependência de álcool ou drogas em pacientes com obesidade mórbida que procuram tratamento para emagrecer.

Essas condições psiquiátricas requerem tratamentos especializados e suporte adequado, pois podem conduzir a morte neste período de readaptação, principalmente por suicídio e abuso de álcool.

Assim, apesar da cirurgia de obesidade ser uma alternativa para a melhora da qualidade de vida dos pacientes e para a diminuição de doenças correlacionadas a esse quadro clínico, é de suma importância um acompanhamento psiquiátrico e psicológico criterioso para a redução de complicações pós-operatórias.

 

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